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Qual é o melhor investimento que um gestor pode fazer?

Existe uma velha história na qual um CEO e um CFO estão conversando no estacionamento sobre a decisão de investir no treinamento de seus colaboradores e o CFO diz:

“Imagina se a gente gastar todo esse tempo e dinheiro treinando os funcionários e eles saírem da empresa?”

Então o CEO responde:

“Imagina se não os treinarmos e eles ficarem”

Nada é mais prejudicial para uma companhia que uma equipe incapaz e fora da cultura, e existem dois remédios para isso:

  1. Contratar gente boa 
  2. Manter a capacitação constante do seu time.

Uma empresa é um ambiente, onde, parafraseando Warren Buffet, “um mais um deve ser mais do que dois“.  Toda empresa, por mais tecnológica que seja, é formada por pessoas trabalhando juntas, e quanto melhores forem essas pessoas, melhores os resultados da companhia.

Estar preparado para contratar os melhores é muito importante, mas estar disposto a capacitar o seu time é algo tão importante quanto.

Dois dos mais bem sucedidos empresários dos Estados Unidos compartilham dessa opinião e o sucesso de suas empresas nos mostra na prática a importância de investir na capacitação do seu time.

Andrew Grove (Ex CEO da Intel) e Howard Schultz (Ex CEO do Starbucks) provaram que a capacitação dos colaboradores, quando colocada como prioridade, gera retornos financeiros e culturais para a companhia.

Capacitação para o Sucesso

A trajetória de Grove na Intel é um testemunho de como o treinamento pode transformar uma empresa. Ele acreditava que o sucesso de uma organização dependia diretamente das capacidades de sua equipe. Sob sua liderança, a Intel não apenas se destacou, mas dominou o mercado de tecnologia.

Grove afirmava que “Noventa minutos do seu tempo podem melhorar a qualidade do trabalho do seu subordinado por duas semanas, ou por mais de oitenta horas” e acreditava que um time bem treinado trabalha de maneira mais eficiente, com menos erros e maior capacidade de inovação, o que compensa amplamente o tempo e recursos investidos no treinamento.

Assim como Andrew Grove, Howard Schultz (Ex CEO da Starbucks) sempre acreditou no potencial da capacitação do time, Howard vê o Starbucks não apenas como uma empresa de café, mas como um lugar onde pessoas são valorizadas, tanto funcionários quanto clientes.

Para Schultz, um colaborador bem treinado e valorizado é um embaixador da marca.

Essa abordagem não apenas aumenta a satisfação dos funcionários, mas também transforma a experiência do cliente. Schultz acreditava que “Se você tratar seus funcionários como membros valiosos da equipe, eles tratarão seus clientes da mesma maneira”. E nada melhor para fazer um funcionário se sentir valorizado do que ver que a empresa está investindo na sua capacitação.

E com funcionários “embaixadores da marca”, o processo de trazer gente boa para o time se torna mais fácil, visto que os próprios colaboradores divulgam a empresa e a cultura amplamente.

Durante seu período de liderança, Schultz implementou uma série de programas inovadores e benefícios voltados para o crescimento profissional e pessoal dos funcionários, que ele chamava de partners

Um dos programas mais notáveis que Howard promoveu é o Starbucks College Achievement Plan (SCAP). Em parceria com a Arizona State University, a Starbucks oferece aos seus funcionários a oportunidade de obterem um diploma de bacharelado online, cobrindo a maior parte dos custos de matrícula. Este programa não só facilita o acesso à educação superior, mas também incentiva o crescimento e a progressão na carreira.

Além disso, a Starbucks também investe na capacitação e formação de líderes com o Starbucks Leadership Experience (SLE). O SLE é um programa de desenvolvimento de liderança que identifica e desenvolve futuros líderes dentro da empresa. Oferecendo treinamentos intensivos e oportunidades de mentoring, preparando os funcionários para assumirem posições de maior responsabilidade e influência.

Isso se mostrou um investimento e tanto, visto que o custo de contratar novos profissionais capacitados é 30% maior do que o custo de treinar seus colaboradores para assumirem funções mais complexas.

Além de treinar, Howard buscava manter os melhores, e uma das formas que ele encontrou para fazer isso foi através do Stock Options and Bean Stock Program, onde os funcionários têm a oportunidade de adquirir ações da empresa. Este programa de participação acionária incentiva um senso de propriedade e compromisso com o sucesso da Starbucks, alinhando os interesses dos colaboradores com os da empresa; afinal, é natural nos preocuparmos mais com o que é nosso, e através do programa de parcerias, um pedacinho da empresa passa a se tornar dos colaboradores também. Não há nada que traga mais fidelidade e comprometimento do que isso.

Esse posicionamento da companhia na valorização dos colaboradores cria uma cultura de gratidão aumentando a eficiência da equipe e reduzindo a taxa de turnover.

A Redução do Turnover através do Treinamento da Equipe

O turnover, ou rotatividade de funcionários, é um desafio constante para muitas empresas; e investir em treinamento é uma estratégia comprovada para reduzir o turnover, melhorar a retenção de talentos e, consequentemente, aumentar a eficiência e a produtividade da organização. 

Estudo da Association for Talent Development (ATD)

De acordo com a ATD, empresas que investem em programas abrangentes de treinamento e desenvolvimento têm uma taxa de turnover 34% menor do que aquelas que não o fazem. Além disso, o estudo mostra que, para cada dólar gasto em treinamento, há um retorno de $4,53 em benefícios, incluindo a redução de custos associados ao turnover.

Dados da LinkedIn Learning Solutions

Empresas com programas robustos de treinamento têm uma taxa de retenção de funcionários 50% maior. Funcionários que recebem treinamento e desenvolvimento contínuos têm 30% mais chances de permanecer na empresa por mais de cinco anos.

Relatório da IBM Smarter Workforce

O relatório da IBM revela que 84% dos funcionários em empresas com programas de treinamento eficazes se sentem mais engajados no trabalho. O aumento no engajamento está correlacionado a uma redução de 12% no turnover.

Além disso, estudos mostram que empresas que oferecem programas de treinamento abrangentes têm uma receita por funcionário 218% maior e uma margem de lucro 24% superior em comparação com empresas que não têm programas de treinamento formalizados​​. Isso indica que, além de reduzir o turnover, o investimento em treinamento e desenvolvimento também melhora a produtividade e a eficiência geral da organização.

“Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros”

Benjamin Franklin

Mas que tipo de capacitação oferecer para a equipe?

Capacitação Técnica

Treinamentos Específicos e Personalizados: Desenvolva programas de treinamento adaptados às necessidades de cada função. Isso inclui cursos de software, certificações profissionais e workshops práticos, garantindo que os colaboradores adquiram as habilidades necessárias para desempenhar suas funções com excelência.

  1. E-learning e Recursos Online: Utilize plataformas de e-learning para oferecer acesso contínuo ao aprendizado, permitindo que os colaboradores aprendam no seu próprio ritmo.
  1. Mentoria e Coaching: Estabeleça programas de mentoria e coaching onde colaboradores experientes guiam e apoiam os mais novos, promovendo um ambiente de colaboração e crescimento contínuo.

Capacitação em Soft Skills: A Base para uma Cultura Organizacional Saudável

Além das habilidades técnicas, as soft skills são essenciais para o desenvolvimento de uma equipe coesa e eficiente. Segundo a IBM Smarter Workforce, empresas com programas eficazes de treinamento de soft skills veem um aumento significativo no engajamento dos funcionários, reduzindo o turnover em 12%​.

Desenvolvimento de Liderança: Ofereça programas focados em habilidades como comunicação, tomada de decisão e gestão de equipes. Um bom líder inspira e motiva sua equipe, contribuindo para um ambiente de trabalho positivo e produtivo.

  1. Treinamentos de Comunicação: Capacite seus colaboradores em habilidades de comunicação eficazes, fundamentais para a colaboração e execução de projetos.
  1. Inteligência Emocional: Treinamentos em inteligência emocional ajudam os colaboradores a gerenciar suas emoções e a entender melhor as emoções e o temperamento dos outros, criando um ambiente de trabalho mais harmonioso.

A Importância do Trivium no Desenvolvimento Pessoal

O Trivium, composto por gramática, lógica e retórica, é um modelo clássico de educação que pode ser fundamental no desenvolvimento das soft skills dos colaboradores.

  1. Gramática: Refere-se à clareza e precisão na comunicação, essencial para a comunicação interna e externa da empresa.
  1. Lógica: Envolve o desenvolvimento do pensamento crítico e a capacidade de raciocinar de maneira estruturada e coerente, ajudando na tomada de decisões informadas.
  1. Retórica: Concentra-se na arte de persuadir e influenciar, crucial para líderes que precisam motivar suas equipes e extremamente necessário para colaboradores que conversam diretamente com os clientes como: Vendedores, SAC e etc…
  1. Integração de Treinamentos e Feedback Contínuo

Para maximizar os benefícios dos treinamentos, a implementação de um sistema de feedback contínuo é crucial.

Feedback Regular e One-on-Ones:

De acordo com o sistema de one-on-one de Andrew Grove, reuniões individuais frequentes são vitais. Essas sessões proporcionam feedback em tempo real, permitindo que os colaboradores ajustem suas ações antes que pequenos problemas se tornem grandes obstáculos. Grove acreditava que “ O feedback em tempo real é a essência da gestão eficaz”, pois permite correções imediatas e mantém os funcionários alinhados com os objetivos da empresa.

O one-on-one deve ser feito a cada 15 dias entre colaborador e líder da área e deve ser agendado pelo próprio colaborador.

A duração de um One-on-one varia entre 15 e 30 minutos e o ideal é que haja uma pauta com os temas a serem tratados.

É uma reunião bidirecional onde tanto o colaborador quanto o líder dão e recebem feedbacks e alinham conhecimentos sobre as dificuldades e gargalos da área.

Conclusão

Andrew Grove costumava dizer que só existem dois motivos para que um colaborador não faça uma tarefa ou não bata uma meta, “Porque ele não quer ou porque ele não consegue”.

E segundo Grove, caso ele não queira, a tarefa do gestor é motivá-lo, e caso não consiga a tarefa do gestor é capacitá-lo.

Assumir um cargo de liderança é assumir um compromisso em duas pontas, o compromisso com a companhia, porque você precisa entregar resultado e o compromisso com os colaboradores porque você tem a obrigação de oferecer as melhores condições para que cada um se desenvolva dentro da sua área.

O líder deve ser aquele que transita entre os colaboradores identificando os gargalos, as barreiras e o que o time precisa para que essas barreiras sejam derrubadas.

Como Grove dizia: “O output do gestor é igual ao output da equipe”.

O resultado do líder está diretamente relacionado ao resultado do time.

Sendo assim, se você que está lendo este artigo é um gestor, isso significa que oferecer capacitação para a equipe vai melhorar a sua entrega. Cumprindo o compromisso com o seu time, você cumpre o compromisso com a companhia.

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